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Womenage a Trois

Women's True Banal Stories - womenageatrois@gmail.com

Fevereiro 19, 2016

Cenas Obscenas

Ainda há quem diga mal do Correio da Manhã. Não percebo como é possível. Há capas do CM que são verdadeiros case studies polivalentes, que dão matéria, em simutâneo, para análises linguísticas, tratados antropológicos, estudos de sociologia, reflexões teológicas, abordagens históricas, comentários desportivos, roteiros turísticos e thrillers docudramáticos. Melhor, melhor, só mesmo aquela anedota da professora que pediu ao alunos que escrevessem um conto que incluísse componentes básicos na narrativa: religião, realeza, sexo e mistério. Ganhou a aluna que escreveu o seguinte: "«Meu Deus», disse a rainha, «estou grávida!». Quem seria?".

A capa de hoje do CM diz, em letras grandes, "Denúncia de padres em ginásios gay". O leitor treme de emoção a querer saber o que é que os ditos denunciam nos referidos locais. Se deixaram de ser ginásios ou passaram a ser straight, por exemplo. E fica a dúvida se foram mandatados pelos respetivos bispos para o efeito. Depois vê-se, em letras pequeninas, "escândalo na igreja". Aí o leitor arregala os olhos ao imaginar os locais de culto arrendados em part-time para o efeito, e os mais devotos suspiram de indignação ao visualisar altares e sacristias carregadinhas de tipos musculados e de tangas cor-de-rosa a suar ao som do "In the Navy". Outros pensariam em crise de vocações, baixa nas esmolas, necessidade de adaptação à crise, sei eu lá que mais. Mas vendo com mais cuidado percebe-se que é uma denúncia de um pároco sobre "casos em  Gaia e Espanha". Ah espera. Afinal não é o que parece. Os padres não denunciam, um padre é que denuncia os seus pares, ok ok. E aponta a presença dos mesmos em ginásios gay. Hmmm. Deixa cá ver, pensa o leitor (cada capa é um mistério a puxar pelos neurónios). E a denúncia incidirá sobre serem ginásios ou sobre serem gay? Um padre não pode exercitar o físico, só mesmo o espírito? Só está autorizado a desenvolver a musculatura metafísica, conseguir um V espiritual? Mens sana in corpore sano, não? Nada a ver, um pastor de almas borrifa-se para a mens e para o corpore,tem é que apostar tudo no spiritu. Ou então, espera lá, não é por serem ginásios, será por serem gay? Ah se calhar,  é. Um padre que frequente "ginásios hetero" já não merece ser denunciado,  deve ser isso. Pode perder horas a babar-se a olhar para mamas, glúteos, pernas e curvas a bambolear-se, desde que sejam XX. Tudo bem, nesse caso, é padre, tem voto de castidade, mas nada o impede de apreciar as belezas do mundo e, bolas, se é para testar a fé, nada melhor que passar horas no meio de tentações. Femininas, calma lá. Há tentações e tentações, as boas e as más. Um par de mamas de uma moça avantajada (para usar a expressão do nosso novo PR) é tentação abençoada, uma musculatura peludinha de um dancing bear é obra do demo. Porque um padre é casto, mas hetero. Isto só pela capa, meu deus. Imagino o que daria a leitura da "carta" bufa do pe. Roberto, que deve estar lá pelo meio do jornal.

Fevereiro 07, 2016

Cenas Obscenas

Venho aqui manifestar o meu veemente desprezo pelo post da Shyz. Começa a ser irritante esta tendência de certos sectores da blogosfera de publicitar músicas estrangeiras, chocantes, porcas, com ritmos primitivos, sons agressivos, palavras estranhas e rimas de sarjeta que não têm nada a ver com os nossos valores culturais. Um lixo. Porque é que não ouvimos antes música portuguesa, daquela boa? Escutem esta e comparem merda com banha de cheiro, reparem na melodia, nos arranjos vocais, na poesia, com métrica e rima perfeitas, uma música que conta uma bela história de amor, bem portuguesa, muito nossa, haverá comparação possível? Nada chega ao nosso lindo Portugal.

Fevereiro 03, 2016

Cenas Obscenas

...republico aqui um post meu de 2008, a propósito do proclamado "melhor escritor nacional":

 

Esta já vai atrasada. Mas antes tarde que nunca. Li, na Sábado de há duas semanas (nº 201), a entrevista/reportagem sobre José Rodrigues dos Santos. Fiquei devidamente informado sobre o dia-a-dia do cavalheiro. E a lição que nos dá a todos: "sou o escritor que mais vende em Portugal. Nos últimos quatro anos, já vendi acima de meio milhão de livros".

Estou longe de pensar que o sucesso deva ser motivo de modéstia, E muito menos de falsa modéstia. Mas mantenho a minha reserva: vender muito não significa ser-se um bom escritor. O síndrome Margarida Rebelo Pinto não me sai da cabeça. Enfim, adiante. Penso, porém, que quem vende tanto livro bem que poderia ser mais comedido a confessar certas coisas, porque não é sinal de coragem, mas sim de irresponsabilidade.

José Rodrigues dos Santos não recicla o seu lixo. Ou o come ao pequeno-almoço, ou simplesmente não está para isso. "Na parte que lhe cabe, poupa água. Mas pouco mais. Reciclagem? Pois, isso não. Nem vidro, nem plástico, nem papel? Nada? «Não, não faço. Sou uma pessoa normal». Muitas pessoas normais reciclam. «A média do cidadão não recicla o lixo. É muito complicado. Um saco é azul, outro é não sei o quê, aquilo é uma confusão»" (pág. 97).

Lembrei-me logo dos tempos em que célebres cromos milionários vangloriavam-se de declarar o ordenado mínimo no IRS. Hoje piam todos mais fino porque o fisco não dá tréguas. Chegará um dia em que a poluição será encarada a sério e estes meninos preguiçosos, balofos e irresponsáveis terão vergonha de dizer chalaças destas e começarão a fazer o que espero se torne "normal" rapidamente. Se for preciso meter o fisco, a ASAE ou a imprensa ao barulho, que se meta. Até lá, alguém deveria ensinar a estes filhos da abundância, da irresponsabilidade e do desperdício o que é um vidrão, um embalão, um papelão, um oleão, um electrão. Verde, amarelo, azul, laranja, vermelho. Tudo com cores diferentes para evitar raciocínios complicados que, já se sabe, estes intelectuais têm os neurónios ocupados nas tramas dos romances que escrevem. E se alguém um dia lhe encher a casa com o lixo que ele próprio produz e o afogar no entulho de que não cuida, no desperdício que não separa e cujo destino não quer saber, ninguém levará a mal por isso.

 

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