Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Womenage a Trois

Women's True Banal Stories - womenageatrois@gmail.com

Agosto 31, 2008

Shyznogud

O Mouro encanta-nos e faz-nos viajar com os seus postais e eu, nogud que sou, venho descarregar fel. Que porra, não há uma %$/#%/ de uma oficina aberta na zona de Albufeira ao domingo?? A porcaria da correia do alternador ou o raio que o parta fez-me ficar presa por estas bandas até amanhã e, pior, faltar ao aniversário da minha mãe :-(.

Agosto 31, 2008

Cenas Obscenas

 

Comecemos por um rosé, para aperitivo. A mais recente inovação dos criativos vinícolas portugueses, depois do "Sexy", do "Amo-te" e do "Rica Pinga", é isto que V. Exªs têm acima: o "Ping'amor". "Complete esta paixão", diz a caixa, o que traduzido para português quer dizer "leva lá a porra da caixa, ó caralho". Penso que também há nas versões branco e tinto. Mas o rosé, oh o rosé...

Pelo que vejo aqui, parece que, afinal, não é novidade nenhuma, foi lançado por ocasião do S. Valentim do ano passado. Estou, portanto, um bocadinho atrasado. Who cares?

Reparei, aliás, que este Verão foi pródigo em vinhos rosé. Os portugueses desabituam-se de produzir e beber vinho e preferem coisas leves, frescas e pouco alcoólicas, tudo light, tudo jovem, tudo ligeiro, tudo rosado. O Célebre Mateus deixa sucessores. Este é apenas mais um do extenso rol que já contaminou adegas alentejanas. Da Casa Agrícola Paciência, algures em Alpiarça. O mote, que se pode ler no rótulo, diz que "o amor é assim... sabe bem e não pesa no estômago". Porra, pensei eu ao ler isto, no estômago? posso pensar em meia dúzia de sítios onde possa pesar, agora no estômago nunca me lembrei, de facto. Mas pronto, quando se trata de vender palhete em pleno Verão, vale tudo.

Agosto 30, 2008

Mouro da Linha

                                                  

Quando soaram as badaladas da meia-noite na torre do Palazzo Vecchio anunciando a chegada do fatídico dia dos meus anos, eu estava ali na Piazza della Signoria, trincando um coraçãozinho de chocolate comprado na Rivoire da esquina. A cidade escaldava ainda de um dia abrasador. Faziam quase trinta graus àquela hora, e eu tive inveja do David, do Neptuno, e dos outros seres em pelo que ali estão cinzelados e expostos.

Levei na bagagem para Florença um livro de David Leavitt. Como E. M. Forster, que escreveu o livro mais icónico passado em Florença, Leavitt é homossexual, e só por isso já se compreendia o seu fascínio pelo ambiente sensual da cidade em geral, e pela Signoria em particular. Ele diz que aquela praça não é para mulheres. Faz sentido. Ali se juntam, eternizados na pedra e singularmente irmanados, a misoginia e os fantasmas homoeróticos. A ostensiva nudez masculina "calcifica a fanfarronice sexual". As figuras femininas ou são as Sabinas violadas ou Judite cortando a cabeça a Holoferne. Acrescento eu: toda aquela exuberante genitália à solta é demasiado explícita para os meandros do desejo feminino, que me perdoem as campeãs e os campeões (pareço um político a falar) da indiferenciação dos géneros. Mas um homossexual masculino é geralmente mais terra-a-terra nos seus impulsos e  vai, digamos, mais direito ao assunto.
Ali, o termo "arte erótica" nunca pareceu tão redundante. Toda aquela arte é erótica, e lá no fundo deve haver pouca gente insensível à sugestão carnal do David, de corpo tão perfeito e ao mesmo tempo tão desproporcionado (a cabeça enorme é de um adolescente, mas as mãos, também enormes?). Não caem parentes na lama por confessar tais sensações perante a mais bela estátua do mundo – pelo menos, perante o original que está na Academia, se não se quiser pecar por uma simples cópia.
No geral, Florença é uma Meca gay, passe a cacofonia escatológica. Mas ela até vem a propósito para lembrar que não cheira especialmente bem, ao contrário de qualquer ideário romântico. Há ruas que cheiram a esgoto e a lodos do Arno. O que também faz sentido, porque é como se algo nos quisesse lembrar que toda aquela beleza é de fabrico humano, e que a vida tem um lado podre. Quem quiser perfumes no ar, que saia da cidade e vá para as colinas (mas lá iremos). Florença, a bela, foi construída sobre planícies pantanosas onde ainda não há muito se morria de paludismo, conquistada às lamas e aos miasmas à custa de drenagens persistentes e dinheiro dos Médici, que não pagava só políticos e artistas.

A uns metros de mim, os turistas caminham sobre um medalhão de bronze incrustado no solo da Piazza, ignorando geralmente o que ele representa. Assinala o local exacto em que Girolamo Savonarola, o franciscano que ali acendera a fogueira das vaidades florentinas, foi ele próprio levado à fogueira em 1498. Erguera-se contra a imoralidade, a sensualidade, a devassidão renascentista da cidade. Queimou livros, quadros, estátuas e cosméticos. Mas a cidade cansou-se, e queimou ela própria o fradalhão, atirando as suas cinzas ao Arno sob o Pontevecchio.

Há quem lhe chame justiça poética. Quanto a mim, podia ficar agora aqui o resto da vida a encadear metáforas sobre a morte e a vida, o bem e o mal, a beleza e a podridão. Mas, felizmente, não me apetece.



 

 

Agosto 30, 2008

Mouro da Linha

                                                                                             

                                                  Quarto com vista para a cidade

 

Este Verão mudei de década de vida, e achei que Florença era um bom sítio para celebrar tal mutação etária com a mulher da minh'alma. Nunca lá tinha ido.

Já andei por sítios que não lembram ao diabo. A uns não gostei de ir, mas gosto de ter ido. Florença era daqueles a que eu gostei de não ter ido antes, e que tinha guardado como uma garrafa de vinho, alimentando-me do gozo que teria ao bebê-la. Há poucas coisas mais invejáveis do que os olhos de um neófito.

Ir a uma cidade onde se concentra um quinto de todos os tesouros artísticos do mundo, e onde a cada esquina se tropeça com um, é como ir a um banquete. Acabamos por perder o apetite e não comer nem um décimo das coisas que gostaríamos. Estar num sítio é deixar de estar noutro, e nem uma vida inteira chegaria para ver tudo. Stendhal chegou aqui e, perante o estendal de arte (não resisti a esta…) ia-lhe dando uma coisinha má, tipificando uma síndrome que até já está cientificamente estudada. Convenhamos que é uma doença chiquérrima: "Querida, o médico proibiu-me Van Goghs, Ticianos e tudo quanto seja impressionista. Agora só posso ver umas coisinhas abstractas, uma aguarelas inglesas e um pré-rafaelita de vez em quando. Rubens, por exemplo, nem pensar, dá-me logo palpitações."

Como no resto do país, muitos dos tesouros de Florença estão ocasionalmente escondidos por andaimes e tapumes. Manter tudo aquilo em bom estado é um trabalho de Sísifo, e quando se acabou de recuperar tudo, há que começar de novo. A Itália é um estaleiro permanente. Felizmente que neste momento só as traseiras da catedral estão a ser limpas. Desembocando do Borgo S. Lorenzo, vindo dos lados do mercado, topei com a incomparável fachada do Duomo a brilhar e soltei um grito da alma: “Caralhos me fodam, que coisa mailinda.” Não sou o Stendhal.

Quando Deus distribuiu a beleza pela Terra, grande parte foi parar a Itália. Se esta desaparecesse, o mundo ficava muito mais feio e triste. E não falo só da arte – falo da terra, das pessoas e do que elas continuam a fazer no dia a dia. A empregada do tasco põe-nos à frente uma choruda bisteca fiorentina e abre as mãos em adoração: “Guardi comme é bella!”. Só neste país é que uma costeleta é servida com a reverência prestada às obras-primas.

 

Agosto 29, 2008

Shyznogud

Tanto se tem falado na chegada à cinquentena de Madonna que até ficaria mal não referir que esta criatura também está a entrar na mesma década (aliás, e como foi aqui referido antes, talvez até faça mais sentido "homenageá-lo" a ele).

 

O João Lopes recordou(-me) este clip no DN de hoje (ou ontem?), tecnicamente revolucionário para a época, daí esta escolha do dia.

Pág. 1/15

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2009
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2008
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2007
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2006
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D