Womenage a Trois

"(...)No país que eu conheço, que deve ser outro, os gays são chamados de paneleiros e ninguém pensa cinco segundos antes contar, para gáudio geral, piadas sobre os “maricas” (o termo mais carinhoso que se conhece). No país que eu conheço as “bichas” são histéricas e quem não se diverte com a sua triste condição ou é hipócrita ou é um deles. No país que eu conheço a maioria dos homossexuais esconde dos pais, dos irmãos, dos amigos e dos colegas a sua orientação. No país que eu conheço quem se cala, quem é patrulhado, vigiando e condicionado e quem tem receio das reacções alheias são os homossexuais e não a brigada suicida do “politicamente incorrecto”. Com essa, quase ninguém se rala. E, apesar de menos generalizado, no país que eu conheço fala-se dos “pretos” como parasitas e criminosos e das mulheres como galinhas descerebradas, gastadoras do dinheiro dos maridos e fúteis bibelots. No país que eu conheço a «gente normal» dedica-se ao activismo proposto por Francisco José Viegas todos os dias. Se o seu apelo fosse ouvido não sei se alguém daria pela diferença. Novidade, talvez apenas nas anedotas sobre brancos e machos. Mas temo que não venham a ter grande sucesso. (...)"

Daniel Oliveira, no Arrastão

A ler obrigatoriamente e na íntegra

... antecipando uma nova sessão das Conversas Sodomitas (em breve num monitor perto de si!). Pode considerar-se um preliminar à conversa, se quiserem.

Eu bem sei que os exemplos aqui da casa não são famosos para isto, mas diz que os gajos falem mais cá gente.

Através do Miguel Vale de Almeida (que escreve um muito pertinente post) cheguei a um artigo de opinião de Eduardo Cintra Torres, onde ele se mostra agastado pela Tagus ter retirado a tontinha campanha que tanta tinta fez correr há uns dias. Vamos lá ver se a gente se entende e até acho que tenho alguma "autoridade moral" para dizer isto porque, nas múltiplas discussões em que já me envolvi sobre publicidade, sempre defendi a sua não censura "institucional" (e neste caso em concreto considerei que muitas das reacções eram exageradas e "atiravam ao lado"). Ora isto não quer dizer que não considere lícito que os descontentes/críticos tentem, através das estratégias que entendam mas nunca passando pela censura, levar a sua avante (a cidadania também se exerce pela pressão, ou não?). Neste caso a empresa resolveu recuar e retirar a campanha? So what... é problema dela e de certeza que o fez depois de ponderar os efeitos que a manutenção da campanha tinha para a imagem que tenta construir junto dos seus potenciais consumidores. É, no fundo, o mercado a funcionar.

Adenda: porque me parece que também vem a propósito do texto do MVA, chamo a atenção para este graaaande "Ainda é cedo" no Arrastão.

Já tinha encontrado muitas bizarrices quando aterrava, inadvertidamente ou não*, em sites de sex shops, mas a de hoje é capaz de ter batido todas as outras aos pontos. Book 22 tem como política empresarial, e passo a citar, "(...)that the products we sell be purchased for married couples only. As explained in the book of Genesis, God created woman from man's flesh and bone to be his companion. In so doing, he illustrated that in marriage man and woman symbolically become one flesh. A common theme throughout the Bible is sexual purity. One example of this can be found in 1 Thessalonians 4:3-4, "For God wants you to be holy and pure and to keep clear of sexual sin so that each of you will marry in holiness and honor." We want to encourage God's plan for people to remain sexually pure, that is why we offer our products to married couples only."

*hoje foi inadvertidamente, fui lá parar enquanto lia o artigo sobre o novo livro de Tom Perrota no Y de hoje. A certa altura Joana Gorjão Henriques escreve «Não teve uma aproximação ao assunto como Tom Wolfe, disse ao "New York Times", mas andou por algumas igrejas evangélicas e passou algum tempo a "googlar" coisas como "Christian Sex".»... e eu fiz a experiência, c'est tout.


Adenda: agora, com um bocadinho mais tempo, resolvi explorar melhor a coisa e fiquei intrigada com este artigo e a sua descrição. 52 posições para um ano de great sex? Isto quer dizer o quê? Uma vez por semana e de cada vez só se usa uma posição? hum? cada vez mais bizarro...

O Público foi nacionalizado e os seus trabalhadores resolveram aderir à greve ou quê? "O Público ainda não chegou não sei porquê"disse-me o meu "quiosqueiro" de sempre e, agora, ao tentar ler a edição on-line sou informada, por um aviso, que a edição impressa "não existe". Mistérios... que me chateiam porque sou uma criatura muito conservadora nas rotinas matinais.

Começou a época das multidões enlouquecidas pelos centros comerciais e dos pais natais a treparem pelas paredes. Apetece-me emigrar para o Iraque.

Adenda shyzenta (invadi-te o post sem pedir licença, sim... e agora? bates-me?): Sou mula assumida e normalmente a minha mulice dá frutos. Voilá, o velhinho trepa-paredes em edição 2006

Adenda FIA (cólicençafáxavôr) para mostrar que também mulo q.b., aqui fica onde começou toda esta conversa

Só hoje reparei, por acaso, num pequeno pormenor da edição do Público para cegos. Talvez muitos, por serem demasiado jovens, não consigam identificar onde se foram inspirar os criadores do endereço (http://jornal.publico.clix.pt/magoo/). Eu ajudo:

Sabe bem, agora que se tornou moda bater na ASAE "porque sim", pôr os olhos no que o João Pinto e Castro escreveu hoje. É que uma coisa é criticarem-se eventuais exageros outra, bem diferente, é, como fez António Barreto (e mais meio mundo) na sua muito elogiada última crónica no Público, atirar para tudo quanto mexe (transcrita aqui). Umas valentes diarreias provocadas por alimentos guardados em deficientes condições de refrigeração é o que muitos destes histéricos do "politicamente-incorrecto-que-afinal-é-actualmente-o-politicamente-correcto" mereciam. Parecem baratas tontas e histéricas. Não há cu! Com a devida vénia dou a palavra ao João e aos seus "sobressaltos da badalhoquice":

Oh, a poesia do uísque marado, da bola de berlim rançosa, do salpicão apodrecido, da ginginha clandestina, da febre de Malta, do excremento de cão no passeio, da roupa suja à janela, dos despejos lançados pela varanda, da unha comprida a coçar o ouvido, da barraca com vista para a lixeira - nos meus bloges inflamados, nos meus discursos na Assembleia, nos meus artigos de opinião, eu digo o teu nome: Liberdade!