Julho 01, 2007
Shyznogud
Queixava-se, há uns dias, Joaquim Fidalgo, na sua coluna semanal, de uma situação ocorrida com ele, quando ouvia um noticiário na rádio. Para não andar às voltas nada melhor que o citar:
A "prisão agravada", dizia-se, tinha a ver com outros tempos e outros contextos. O ministro da Defesa, chamado a pronunciar-se, confirmou que hoje em dia já não faz sentido manter a "prisão agravada". Acabe-se, então, com a "prisão agravada".
Mas que raio é, afinal, a "prisão agravada"?... Pois não sei. Não faço a mínima ideia. E estive ali três ou quatro minutos a ouvir falar de "prisão agravada" para trás e para a frente, e ninguém se dignou explicar o que é "prisão agravada". Esqueceram-se de nós, dos que estávamos a ouvir as notícias.
Lembrei-me tanto desta crónica ao ler, no Notícias Magazine de hoje, a entrevista feita a Jorge Vala, um dos organizadores do estudo Contextos e Atitudes Sociais na Europa. A certa altura, depois de se perceber pelas respostas do entrevistado que existe uma relativa homogeneidade de valores entre os europeus, a entrevistadora vira-se para as (subentendidas) questões da imigração e percebemos, pela conversa que se segue, que Portugal é a (ou uma?) excepção no panorama europeu, que será moderadamente a favor da imigração. Ou seja, e citando o texto, «É dos países que manifestam mais "fechamento" que "abertura" à imigração...». Custaria muito a utilização de infografias? É que da forma como a entrevista está apresentada não conseguimos ficar com a mais pequena noção do quão diferente é a posição dos portugueses face aos restantes europeus e, digo eu, até era capaz de ser interessante ter acesso a essa informação para ver se as românticas visões do luso-tropicalismo à moda cá da gente começavam, finalmente, a ser questionadas a sério. O entrevistado, com uma compreensível postura "vestidinho preto" (aka eu não me comprometo), vai tentando dizer que não, não senhor, isto não quer dizer que somos um país de racistas e tal... mas "O que podemos afirmar é que, em determinados contextos, as crenças racistas estão mais salientes do que as não racistas.". Sei que o tema que dominou os jornais do dia era a Europa e a entrevista enquadrava-se nesse grande tema mas reconheço que fiquei com a curiosidade mais que aguçada para espreitar o livro em que os dados são apresentados (e discutidos?). E vai sendo hora de se começarem a quebrar mitos salazaristas, sendo, paradoxalmente, um deles o não racismo existente neste cantinho europeu.
P.S. - Psiu, ó meninos e meninas do Peão, estou muito burra (e ainda mais preguiçosa) e não consigo encontrar uns textos que me parece que havia por aí sobre luso-tropicalismo. Será que me conseguem indicar os links? Acho que fazem sentido.
A "prisão agravada", dizia-se, tinha a ver com outros tempos e outros contextos. O ministro da Defesa, chamado a pronunciar-se, confirmou que hoje em dia já não faz sentido manter a "prisão agravada". Acabe-se, então, com a "prisão agravada".
Mas que raio é, afinal, a "prisão agravada"?... Pois não sei. Não faço a mínima ideia. E estive ali três ou quatro minutos a ouvir falar de "prisão agravada" para trás e para a frente, e ninguém se dignou explicar o que é "prisão agravada". Esqueceram-se de nós, dos que estávamos a ouvir as notícias.
Lembrei-me tanto desta crónica ao ler, no Notícias Magazine de hoje, a entrevista feita a Jorge Vala, um dos organizadores do estudo Contextos e Atitudes Sociais na Europa. A certa altura, depois de se perceber pelas respostas do entrevistado que existe uma relativa homogeneidade de valores entre os europeus, a entrevistadora vira-se para as (subentendidas) questões da imigração e percebemos, pela conversa que se segue, que Portugal é a (ou uma?) excepção no panorama europeu, que será moderadamente a favor da imigração. Ou seja, e citando o texto, «É dos países que manifestam mais "fechamento" que "abertura" à imigração...». Custaria muito a utilização de infografias? É que da forma como a entrevista está apresentada não conseguimos ficar com a mais pequena noção do quão diferente é a posição dos portugueses face aos restantes europeus e, digo eu, até era capaz de ser interessante ter acesso a essa informação para ver se as românticas visões do luso-tropicalismo à moda cá da gente começavam, finalmente, a ser questionadas a sério. O entrevistado, com uma compreensível postura "vestidinho preto" (aka eu não me comprometo), vai tentando dizer que não, não senhor, isto não quer dizer que somos um país de racistas e tal... mas "O que podemos afirmar é que, em determinados contextos, as crenças racistas estão mais salientes do que as não racistas.". Sei que o tema que dominou os jornais do dia era a Europa e a entrevista enquadrava-se nesse grande tema mas reconheço que fiquei com a curiosidade mais que aguçada para espreitar o livro em que os dados são apresentados (e discutidos?). E vai sendo hora de se começarem a quebrar mitos salazaristas, sendo, paradoxalmente, um deles o não racismo existente neste cantinho europeu.
P.S. - Psiu, ó meninos e meninas do Peão, estou muito burra (e ainda mais preguiçosa) e não consigo encontrar uns textos que me parece que havia por aí sobre luso-tropicalismo. Será que me conseguem indicar os links? Acho que fazem sentido.