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Womenage a Trois

Women's True Banal Stories - womenageatrois@gmail.com

Agosto 05, 2006

Shyznogud

Já não sei onde vi uma referência a uma iniciativa integrada na Semana Mundial da Amamentação, a decorrer hoje no Parque da Serafina, cujo título era deveras sugestivo, "uma mamada ao ar livre" (agora faço um ar santo e ingénuo e digo "É coisa que abunda por aquelas bandas"). Depois de confirmado que as minhas dúvidas sobre o nome iniciativa estavam correctas (como se pode comprovar aqui) apeteceu-me falar um bocadinho sobre o tema.
Que o aleitamento materno é algo que deve ser incentivado é, para mim, óbvio. O que já não é assim tão claro são as formas como se tenta fazer passar a mensagem. Como em tantos outros assuntos cada um sabe de si e arrepia-me um bocado que as mulheres que decidem não dar mama sejam quase olhadas de través, apelidadas de "más mães". Em primeiro lugar pelos pediatras... A maioria dos pediatras olha exclusivamente para o interesse (físico) da criança, esquecendo-se, frequentemente, do contexto familiar em que ela está inserida. É, talvez, tique profissional mas não lhes faria mal nenhum desdramatizar o aleitamento artificial de forma a não encherem de sentimentos de culpa as mulheres que não podem, ou não querem, dar de mamar.
Num primeiro filho as dúvidas são mais que muitas e a insegurança também. Ainda para mais há uma revolução hormonal que se desenrola no corpo feminino que potencia estranhos estados de alma (ainda ontem - ou anteontem - andando eu às compras com a minha irmã senhora doutora, encontrámos um colega dela que, quando lhe foi perguntado o que andava a fazer, referiu, a propósito de um estudo que se propõe fazer, que o suicídio pós-parto é a principal causa de morte nas puérperas no Reino Unido). Um dos dramas das mães recentes é - a cultura explica? - que não consigam alimentar decentemente a pequena cria. Às vezes não conseguem mesmo e sujeitas, como estão, a verdadeiros bombardeamentos de que "O leite materno é que é bom", sentem-se umas falhadas completas.
Ah! Antes que me esqueça, é melhor começar por dizer que isto não é discurso "auto-desculpabilizador". Não tive dúvidas em optar por dar de mamar aos meus 2 filhos quando nasceram. Mas também não tive nenhuma dúvida em rapidamente mudar para o aleitamento artificial no caso do segundo. A experiência/segurança talvez explique... de repente, teria ele para aí um mês e meio, o animalzinho não me largava a mama (é um rapazinho de bom gosto!). Dar de mamar tem muita graça mas calma, não era a minha única ocupação diária. Equacionando as opções "mãe descansada a dar biberão" vs. "mãe de rastos a dar mama" não tive grandes dúvidas. E se elas existissem desapareceriam com outro factor a ter em conta na equação: existia outra cria naquela casa, que também precisava da mãe, bolas.
Voltando à vaca fria: há formas de se promover o aleitamento materno sem diabolizar/culpabilizar quem não o pode ou, insisto, quer fazer. Poucas coisas me irritam mais que discursos normalizadores dos comportamentos de outrém. Se há mulheres para quem dar de mamar as faz ficar com o síndrome da vaca-leiteira (e são muitas), deprimidíssmas, a sentirem-se um asco quem sou eu para lhes dizer que engulam o que lhes vai na alma e violentarem-se a dar de mamar (yep, a palavra é mesmo violentarem-se). Ninguém me conseguirá convencer que, mais importante do que os anti-corpos maternos, não há nada que seja mais benéfico para uma criancinha que uns pais calmos, seguros e confortáveis na sua condição de pais.

Os vasos comunicantes dos meus neurónios são muito estranhos. Estava a escrevinhar isto e veio-me à cabeça um texto que li ontem (acho) no Mão Invisível. É curioso... agora lembrei-me de outra coisa, do célebre Political Compass que já quase toda a gente deve ter feito. Este desvio é fácil de explicar, dificilmente me identifico com os chamados "blogs liberais" que por aí andam (acentuadamente "direitistas") e o Mão Invisível é um deles. Contudo é frequente concordar com um dos seus escribas, o Tiago Mendes, quando ele discorre sobre moral e/ou comportamentos. Foi o caso do post q referi no início deste parágrafo (e é aqui que me parece que o Political Compass entra... rapidamente explicarei porquê). No fundo o que está aqui em causa é algo de que eu estava a falar acima: policiamento de comportamentos alheios.

* o perfeito attrappe nigot googliano

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