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Womenage a Trois

Women's True Banal Stories - womenageatrois@gmail.com

Maio 23, 2011

Cenas Obscenas

Sim, não há dúvidas. A crise chegou mesmo. Este facto indesmentível não se confirma com índices, valores, gráficos, paleio de políticos em overdose eleitoral (credo que ainda agora começou e eu já vomito), comentários de comentadores a comentar (ou de jornalistas a repeti-los, comentando), dezenas de milhares de milhões (que o padreco da omelete canhota gosta de chamar de "BBBiliões", enchendo a bochecha para dar ênfase) memorando, dóica, tróica ou pentatóica. Não é nisto que se deteta a crise, a verdadeira, a profunda. É noutros pulsos, com outros estetoscópios. É, por exemplo, na aflitiva e angustiante falta de Halls Preto no mercado. Sou um viciado em mentol, menta e hortelã, que hei-de fazer? O HP é o standard. Quando preciso de uma dose extra recorro ao Fisherman's Friend (que não aconselho a principiantes). Já aqui na casa se escreveram coisas acerca do assunto (aqui e aqui). Pois bem, não há. Não se faz, não se produz, não se importa, não se distribui? Alguém açambarcou os stocks? Alínea secreta do memorando, de que ninguém fala? Mistério. As respostas que obtive oscilaram entre o "não há", "já não se vende" e "ninguém compra, por isso eles não mandam" (suspeitei muito deste eles). Estive tentado, com esta última, a pedir um carregamento só para mim e a comprometer-me a fazer uma petição pública, com página no facebook, um clube de fãs, a criação de uma Confraria do HP e uma proposta de pagamento do 13º mês em caixas do mesmo. Cheguei mesmo a pensar em pedir aos partidos que assinaram que juntassem aos tais muitos BBBiliões um milharzito de verba cativa para importação do dito. A resignação levou-me, porém, a ponderar simplesmente recorrer à candonga. Já me preparava para imergir no mundo esconso do contrabando e tráfico ilegal de Halls Preto quando vi, há dois dias, dois exemplares perdidos. Puxei do cartão de crédito e preparava-me para assinar contrato de pagamento em prestações suaves, mas incrivelmente, o preço era o de mercado, o antigo e anterior à crise, sem spreads nem juros equivalentes aos da dívida soberana da Grécia nem nada disso. Um halo de luz difusa circundava a caixinha (em tudo semelhante a este). Sinal da Graça divina, acaso, coincidência, não importa. Tentei manter o ar mais normal possível, até com um ligeiro ar de desdém, e disse "olhe, levo os dois". Descaí-me um pedacinho, como a foto documenta, mas rapidamente me recompus. A empregada até esboçou um ar de alívio ao ver-se livre daquilo. Ninguém diga que não há justiça divina e que este mundo não é feito de equilíbrios. Agora hesito sobre o que fazer, entre o consumo desenfreado e a utilização parcimoniosa em dias de festa. A crise está para durar, eu sei. Mas há um amanhã que canta, é certo.

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